Nos dias de hoje, a instantaneidade e o alto volume de
informações tomaram as redes sociais. Assim, a jornalista Carol Braga relata os
mecanismos de proteção que utiliza diariamente. É preciso atenção mais do que
se imagina.
Primeiro, como você
jornalista se protege da exposição nas redes sociais?
“Bom, quem segue as redes do Culturadoria e me segue, vê que
eu não posto nada nas minhas redes sociais e posto tudo nas redes do
Culturadoria, tudo dentro do escopo do Culturadoria. Eu acho que talvez
involuntariamente, é meio que uma postura. Eu não acho que tenho que ficar me
posicionando na internet e aí eu não me posiciono. O meu perfil do Instagram,
ele é fechado por que é um lugar só meu, onde estou com meus amigos e minha
família, onde eu fico fazendo coisas fora do meu ambiente de trabalho e também
tenho as redes do trabalho, é isso.”
Sobre o ambiente
político polarizado nas redes sociais, você considera algo positivo ou
negativo? Já foi afetada por expor opiniões que possam divergir com outros
usuários?
“Eu acho negativo por que isso só revela que a nossa
sociedade não está preparada para dialogar. E eu acho isso um retrocesso muito
grande então toda a polarização ainda mais quando vai para um discurso de ódio
mostra a falta do diálogo, a falta da escuta de ouvir o outro, de refletir e de
buscar um meio termo então eu vejo isso muito negativamente. O único caso que
eu tenho nas redes sociais foi inclusive na época que eu trabalhava no jornal
Estado de Minas e eu fiz uma reportagem crítica sobre a campanha de
popularização do teatro e quando essa reportagem saiu, as pessoas que não
gostaram do que eu estava falando, foram para o Facebook, me marcaram e
começaram a me agredir falando que eu estava sendo leviana com as críticas que
eu estava fazendo, que eu estava fazendo comparações que não cabiam, eles
tentaram levar o caso para a ouvidoria da campanha de popularização mas aí logo
alguns artistas que conhecem o meu trabalho partiram em defesa. Nem nesse caso
eu me posicionei firme na crítica que eu estava fazendo por que o papel do
jornalista cultural é fazer esse tipo de coisa e enfim, me atacaram no Facebook
e passou algum tempo, alguns anos já e tudo que eu apontei naquela matéria, os
organizadores da campanha, acabaram realizando, para mudar a campanha. Então eu
acho que isso é um aspecto assim também, não saber ouvir a crítica, foram para
o Facebook, fizeram um estardalhaço no Facebook e depois falaram: “Não! Vamos
realmente entender o que ela está dizendo.””
Na era atual, em que
ser parcial nas redes sociais é comum, até onde o jornalista deve manter a sua
imparcialidade e ética?
“Eu acho que o jornalista é um comunicador o que a gente faz
o tempo inteiro é você tentar intermediações, interlocuções, então acho que
esse é o papel que a gente tem que buscar. Não de tacar querosene no fogo, eu
como jornalista não me vejo nesse lugar, de estar esquentando o debate, eu acho
que o nosso papel é tentar entender as partes e fazer as partes entenderem o
que está em jogo em termos de informação do que provocar o embate. Mas isso é
uma posição obviamente muito pessoal.”
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