quinta-feira

Refletindo o futuro do jornalismo


Nessa semana entrevistamos a repórter, produtora e âncora dos jornais e rádios da Rede Bandeirantes, Luciana Vianna. Ela que é um exemplo para os futuros jornalistas, apresenta o Agenda Cultural todas sextas na Band, contou sobre os desafios que encontrou na sua formação, preconceitos que sofreu por ser mulher e sua opinião sobre a mudança na comunicação. Confira abaixo nossa entrevista na íntegra.

·       O que te levou a fazer jornalismo?
“Bom, desde pequena cresci ouvindo meus pais e avós falando que eu devia ser dentista né, para poder cuidar dos dentes deles, colocar dentadura, essas coisas de avós (risos). Então cresci com esse objetivo, tanto é que dei essa satisfação à minha família, me formei em odontologia e trabalhei na área por um ano, mas percebi que aquilo não estava me agradando. Eu sempre gostei muito de história, de ler, de fazer pesquisa, de me manter atualizada, sabe? E o jornalismo me passava essa ideia de que eu me manteria atualizada e lendo sempre. Primeiro tentei Direito. Passei na primeira fase, mas depois bombei no segundo semestre. E fui pela UFMG, e lá era só uma tentativa por ano. Aí tive que esperar mais um ano e tentei jornalismo. Bom, foi essa minha trajetória. ”
·       Na sua opinião, qual os maiores problemas dos recém-formados em jornalismo no mercado atualmente?
“Infelizmente pra ter espaço no mercado, você precisa conhecer pessoas. Aí um te indica pro outro, que te indica pra outro, e você vai conquistando seu lugar. Acho que o mercado não tem espaço pra absorver todos os profissionais, infelizmente, o que não é motivo para desistir. E aí você vai ganhando seu espaço, se mantendo atualizado, se adequando. Quer focar em radialismo? Faz um curso de mixagem para complementar seu currículo. Quer a área de edição? Faz um curso de photoshop para se destacar. Temos que nos adequar e ganhar nosso espaço. ”
·       Como foi sua experiência no momento de buscar o primeiro estágio?
“Bom, eu tive a sorte de já conseguir um estágio no primeiro período e segui com estágio durante todo o curso. Tive que correr atrás, falar com professores, me destacar para conseguir, sempre me mantendo atualizada, principalmente em relação a tecnologia. Se o Youtube ta crescendo, Instagram, pô vou lá ver como que é, vou me manter atualizada e me adequar a isso. Isso me ajudou a me destacar para conseguir meu estágio. E assim que acabei o curso, os dois lugares em que eu fazia estágio me contrataram, que foi o Centro da OAB e a Rede Bandeirantes. ”

·       Você mencionou a adequação ao meio digital, e isso traz à tona a questão das fake news que se mostrou bem presente nessas eleições. Como você enxerga esse mundo virtual então, em relação ao jornalismo? Você considera ter sido algo bom ou ruim?
“Que coisa louca que passamos agora ne? Inverdades desde remédios criados até sérias difamações contra candidatos. Lógico que as redes sociais hoje são essenciais para nosso trabalho, nossa, o WhatsApp ne? O que a gente seria sem ele, é superimportante. Mas infelizmente com essas coisas boas também temos esses problemas, aí nosso papel se torna ainda mais importante. Temos que fazer a apuração ainda mais séria, consultando mais de uma fonte confiável, ligando pra lá e pra cá... Mas aí, é isso, é saber se adaptar. ”
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Para você, quais são os principais desafios da profissão?
“Então, tem aquilo do mercado de trabalho né, que se encontra muito saturado infelizmente. E tem essa questão da apuração. Eu acho que correr atrás da informação, das fontes, verificar com mais de uma pessoa acerca da confiabilidade da informação, isso tudo é muito puxado e é uma responsabilidade muito grande, mas é tão bom quando chega noite e a gente vai dormir sabendo que conseguimos a informação certa sabe? Traz um conforto...”
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Você já enfrentou algum desafio ou preconceito na profissão por ser mulher?
“Já, infelizmente não tem como evitar. O cenário já mudou bastante, nós mulheres temos um espaço bem maior agora, mas sempre, querendo ou não, ouvimos coisas desagradáveis, ainda que veladas. Muitas vezes já ouvi que eu não seria capaz de exercer minha profissão, por ser mulher, porque eu não seria levada a sério. Mas são tantas coisas que escutamos né? O jeito é saber lidar com isso, não dar ouvidos. Se eles querem falar, deixa eles falarem. O jeito é saber que o seu trabalho é você com você, não importa o que os outros falam. Julgar e criticar muita gente faz, a gente tem que aprender a não ligar, lidar da melhor maneira, e seguir com nossa profissão. ”
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Se você pudesse fazer algo diferente da carreira, o que você faria?
“Bom, eu queria muito fazer História ainda, acredita? Igual falei no começo, sempre gostei muito de história, de ler... Então essa é uma coisa que eu ainda sinto vontade de fazer. ”

Pra finalizar, qual conselho você daria para quem está ingressando na profissão?
“O mais importante é não desistir. Não deixe ninguém te fazer mudar de ideia. Anos atrás, quando fui fazer odontologia, me falaram que o mercado de trabalho era ruim, que já existiam muitos dentistas, e nós sabemos que não é assim. A mesma coisa para jornalismo. Quantas vezes não escutamos que é uma profissão sem futuro, sem sentido?  Agora mais que nunca, nosso trabalho é muito importante. Fazer as apurações, mostrar a verdade, isso tudo conta. Então não desistam e corram muito atrás, porque ninguém vai correr por você. ”

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