As redações estão cada vez mais enxutas. Há cada vez menos profissionais, para exercerem cada vez mais tarefas. E agora, os robôs entraram na disputa. Como essa inteligência, capaz de exercer funções repetitivas, em um terço do tempo que um humano levaria, pode alterar a função dos jornalistas? A jornalista, produtora audiovisual e pesquisadora de jornalismo automatizado, Silvia de Freitas Dalben (https://www.linkedin.com/in/silviadalben/), explica como essas transformações impactam a profissão.
- O que é inteligência artificial?
Inteligência artificial é quando existe uma interseção entre a Big Data, que é a quantidade de dados, com a capacidade computacional de processar esses dados e colocá-los em moldes. Então, ela vem para ajudar a lidar com uma grande quantidade de informações e automatizar algumas ações dentro disso.
Um exemplo disso, é o processador de linguagem natural, SIRI, da Apple. Ela que processa a sua voz, um algoritmo, pega um determinado texto e consegue criar um output (http://www.administradores.com.br/artigos/academico/o-processo-de-transformacao-input-e-output-entrada-e-saida/78698/) deste texto. E é nesse campo, do processamento de linguagem natural, que entra o jornalismo automatizado.
- Como ela pode ser aplicada no jornalismo?
A automatização só ocorre a partir de tarefas repetitivas. Se não é repetitivo, não é automatizado. Mas, se há alguma tarefa, alguma função repetitiva dentro da redação, você consegue automatizar. Como exemplo, temos a primeira automatização no jornalismo, que foi na previsão do tempo. Sendo uma coisa muito repetitiva, dá pra você pensar, planejar e fazer uma previsão de como será o texto, pois ele sempre será o mesmo. O que varia são os dados.
Assim, ligados ao setor de meteorologia, que fornecia os dados, eles criaram vários textos e templates, com espaços em branco. O computador determinava qual template ele queria usar e a partir disso, colava ali e gerava o texto automaticamente.
- O uso da inteligência artificial pode prejudicar a profissão do jornalista no futuro?
Em um primeiro momento, em 2011, 2012, quando as coisas realmente começaram a sair, os jornalistas robôs causaram muito medo. Principalmente, nas pessoas mais tradicionais da redação, as mais antigas, que não lidam muito bem com a tecnologia. Elas começaram a pensar que os robôs realmente tomariam o seu lugar. Mas, se realmente formos entender, vamos ver que o que eles fazem, são estruturas e coberturas para notícias. Apenas notícias, não reportagens. Até porque, eles não podem fazer entrevistas, não dão conta. Algoritmo é uma coisa muito preditiva, previsível e matemática.
- O que é jornalismo de dados?
Jornalismo automatizado e o jornalismo de dados, estão muito próximos um do outro. Porque ele (jornalismo automatizado) só existe se você tem dados estruturados, para conseguir automatizar. Então, é como se ele (jornalismo automatizado) tivesse um braço, e esse braço seria o jornalismo de dados. Como se fosse uma sequência: o jornalismo de dados e logo após o jornalismo automatizado.
- Quais são as novas profissões que vão surgir no futuro, ligadas a inteligência artificial?
Vai modificar, mudar a lógica das profissões. Como por exemplo, de editores de notícias automatizadas, engenheiros programadores, ampliação da equipe de tecnologia, analista de dados, programadores, matemáticos e estatísticos. Mas, com muita cautela, tempo e determinação. Até porque, mexer com tecnologia não é uma coisa que muda do dia para noite, são evoluções.
*Essa entrevista foi feita por Talyssa Lima, para um trabalho universitário, em março de 2019.
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